sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

ENQUETE


Nossa primeira enquete tratou da pesquisa científica mediante utilização de células tronco embrionárias.

Sabe-se que as células tronco embrionárias, graças ao seu grande poder de reprodução, são mais adequadas às pesquisas que podem levar a grandes mudanças em relação a processos de cura, especialmente de portadores de doenças auto-imunes e deficiências físicas provocadas, por exemplo, pela interrupção da comunicação entre o cérebro e o corpo, geralmente de forma parcial.

Entretanto, a convicção de que o espírito se une ao corpo no exato momento da concepção, tem gerado uma série de controvérsias de ordem ética e moral, a respeito do aproveitamento de tais unidades para pesquisa científica.

Ora, se o embrião objeto de pesquisa está de fato unido a um espírito, haveria para ele (espírito) algum sofrimento? De que espécie? Haveria nisso uma finalidade útil? Teria aquele espírito escolhido esta espécie de prova? Saberia ele antecipadamente o que o aguardava?

Em resposta à questão nº 344 formulada por Allan Kardec os espíritos superiores respondem em O Livro dos Espíritos: que "a união (entre o corpo e a alma) começa na concepção...”.

Tal resposta tem sido para muitos, incontornável argumento contra a utilização das células tronco embrionárias para fins científicos.

Entretanto, finalizando a mesma resposta, elucidam os espíritos: "mas não se completa senão no momento do nascimento. Desde o momento da concepção o Espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluído, que se vai encurtando cada vez mais até o instante em que a criança vem à luz."
Portanto, embora haja a ligação desde a concepção ela não é definitiva senão após o nascimento. Veja-se a respeito, a questão e resposta que se apresentaram na seqüência:

345)- A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção ? Durante esse primeiro período o Espírito poderia renunciar a tomar o corpo que lhe foi designado ?

R)- A união é definitiva no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo; mas, como os laços que o prendem são muitos frágeis, fáceis de romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito que recua ante a prova escolhida. Nesse caso a criança não vinga.

É lícito, portanto concluir, com fulcro já na obra de Kardec, que, embora a união exista desde a concepção ela pode ser rompida pelo próprio espírito a qualquer tempo, não estando ele perenemente aprisionado ao corpo embrionário que o abriga temporariamente.

De mais a mais, a questão ética esbarra também na fecundação "in vitro" em que vários óvulos são fecundados, mas somente parte deles é aproveitada, permanecendo os outros guardados por um período de tempo legalmente determinado, sendo posteriormente descartados.

Ora, esta forma de supostamente aprisionar o espírito ao corpo para depois rejeitá-lo sem lhe permitir a entrada na vida carnal é amplamente aceita e utilizada sem maiores questionamentos.

Note-se que, ali, como em qualquer embrião empregado para investigação científica, haverá um espírito, que pode permanecer inútil para ser posteriormente descartado ou auxiliar a humanidade em seu progresso e desenvolvimento, sendo aproveitado para o bem do próximo.

Supondo-se a ligação entre aquele organismo rudimentar e um espírito, caberá a este, em qualquer hipótese, a decisão de permanecer ou não naquela condição (conforme resposta à questão nº 345 supra transcrita), que pode perfeitamente ter sido eleita como prova ou expiação.

Os participantes em esmagadora maioria votaram a favor da utilização das células tronco embrionárias para pesquisa científica (ver enquete ao lado).

O resultado foi, de certa maneira, surpreendente, pois não esperávamos a quase unanimidade ocorrida.

Nutrimos sempre a convicção de que as coisas em si não são más nem boas. Boas ou más são as formas com que são utilizadas, os fins a que se destinam.

Acreditamos que o emprego de células tronco embrionárias será inevitável no futuro. Fazemos votos de que essa aplicação seja voltada ao bem da humanidade e à cura de quantos se encontram desesperançados por anomalias, deficiências físicas ou doenças incuráveis.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito interessante tratar desse tema tão atual. Concordo plenamente que as pesquisas com células-tronco devam ser estimuladas e sempre acompanhadas por comitês de ética. Uma boa notícia sobre esse assunto é que nesse mês foi publicado um artigo relatando a obtenção de células-tronco a partir de óvulos não-fecundados, que formam embriões denominados partenogenéticos, os quais são inviáveis para o desenvolvimento a termo (http://www.liebertonline.com/doi/pdfplus/10.1089/clo.2007.0063). Isso é muito bom porque não existe a fecundação e também há maior probabilidade de que as células sejam imunologicamente compatíveis com a pessoa que vai receber as células. Felizmente a ciência está progredindo rapidamente e há possibilidade de que num futuro próximo muitas pessoas sejam beneficiadas por esse tipo de terapia.
Ao mesmo tempo, é importante lembrar que se temos possibilidade de prolongar a existência na terra, também temos a responsabilidade de investir bem esse tempo, principalmente por meio do trabalho, procurando influenciar positivamente a vida das pessoas que estão próximas.

Unknown disse...
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