sábado, 12 de abril de 2008

Cadastro nacional reunirá crianças prontas para adoção e adultos interessados (enviado por Ilar Goreth Ribeiro)


Uma medida simples deve apressar o processo de adoção de quem espera há anos na fila por uma criança. É a criação de um cadastro nacional.

O que surpreende é esse cadastro ainda não existir. Ele vai reunir todas as crianças prontas para adoção e os adultos interessados em adotar em todo o Brasil.

Mas, algumas exigências de alguns futuros pais também dificultam bastante o processo de adoção. São pessoas que só concordam em adotar crianças recém-nascidas, brancas e com saúde perfeita.

O lugar parece de sonho, com um grande jardim bem cuidado, casas pintadas e parque de diversão. No abrigo Nosso Lar, em Brasília, as crianças vivem bem. Mas...

“Eu gostaria mesmo é de ser adotado”, diz um menino.

“Os pequenos saem com muita facilidade, mas os maiores que têm mais dificuldade. Adoção tardia ainda é difícil de acontecer”, afirmou a diretora de um abrigo, Marisa de Moraes.

A publicitária Ana Karine Bittencourt e Luiz Paulo vivem o outro lado da moeda. Querem adotar uma criança há mais de dois anos. Decidiram antes de Tiago, o mais velho, nascer. Esperam há tanto tempo que o segundo filho, Rafael, já chegou. Eles acham que o processo de adoção deveria ser mais rápido.

“Até por conta das crianças que estão do lado de lá esperando, a gente aqui também está com a expectativa. Mas, para eles lá, a expectativa é muito maior. Eu acho que quanto mais ágil, principalmente os trâmites, é melhor para ambas as partes”, comenta a publicitária Ana Karine Bittencourt.

O que atrapalha muito o processo de adoção no Brasil é a falta de informação entre os estados. Um casal de Brasília, por exemplo, não sabe que pode estar no Maranhão a criança que gostaria de adotar.

Mas isso pode mudar. Até o fim do mês, o Conselho Nacional de Justiça vai criar o primeiro cadastro nacional de crianças prontas para adoção e de adultos interessados. Hoje as listas são municipais ou estaduais.

“Hoje nós não temos um número certo de quantas crianças têm abrigadas e de quantos casais estão habilitados pra adoção. Nós, com o cadastro nacional, teremos a concentração desses dados. Vai permitir que os juízes consigam visualizar a situação inteira nacional do seu gabinete”, explica a conselheira nacional de justiça, Andréa Pachá.

Quem sabe assim outras histórias possam ter final feliz, como a de João e Maria. Ela foi adotada quando a mãe estava grávida do irmão.

“A gente só restringiu o sexo, porque a gente já estava esperando o João e a idade para que ficasse regulado com a idade dele. Mas a gente não impôs nenhuma outra restrição, e isso facilitou também no andamento do processo”, disse o gerente de segurança Geovani Ferreira.

O Congresso também discute mudanças nas regras para adoção. Uma das propostas cria a licença-paternidade de 60 dias para homens solteiros, viúvos ou separados que adotem uma criança. Hoje essa licença só existe para as mulheres que adotam.

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